sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tabalhando com projetos

COMO ELABORAR UM PROJETO

por Marcos José Pereira da Silva

Por que elaborar projetos?

Conceito de projeto:  organizar idéias, pesquisar, analisar a realidade e desenhar uma proposta articulada com intencionalidade.

Os projetos sociais são construções feitas por um grupo de pessoas que deseja transformar boas idéias em boas práticas. Tais projetos podem se transformar em ações exemplares que modificarão a realidade local. Se, além de se constituírem em ações exemplares, os projetos se integrarem a ações de governo, municipais, estaduais ou da instância federal, poderão se replicar em escala maior, gerando, assim, políticas públicas cujos impactos para a coletividade serão maiores do que os projetos apenas locais.

Todo projeto precisa ser bem elaborado, desde seus passos iniciais. Havendo um bom projeto, com recursos suficientes, bem monitorado e avaliado, vai se chegar aos objetivos preestabelecidos. Nessas situações em que desejamos transformar insatisfação em solução, idéias em ações, boas intenções em propostas efetivas, sem desperdício de tempo e recursos, faz-se necessário elaborar um projeto que descreva o caminho a seguir. Caminho esse que deve ser trilhado com lógica e paixão.

Cuidados e recomendações

Durante o processo de elaboração de projetos, correm-se dois grandes riscos:

1.       A onipotência: quando um grupo se considera com possibilidade de transformar, sozinho, os problemas sociais existentes em um bairro ou cidade. É o perigo do voluntarismo.
2.       A impotência: diante das dificuldades o grupo sente-se impotente e desiste de buscar soluções criativas ou  resolve, isoladamente, os problemas encontrados.
Os dois riscos mencionados acima têm como raiz pelo menos três fatores.
Ø  O primeiro deles é o diagnóstico superficial sobre o espaço e o contexto nos quais o grupo atua.
Ø  O segundo reside na análise inconsistente da viabilidade social, política, técnica, financeira, ambiental ou cultural do projeto.
Ø  O terceiro, a má distribuição de papéis e responsabilidades, de modo a centralizar o poder em uma única pessoa ou a diluí-lo, dificultando a constituição de líderes.

Na prática, existem alguns problemas a ser superados quando se quer estabelecer resultados concretos e custos efetivos em projetos sociais que lidam com processos de melhoria das condições de vida e com a promoção dos direitos humanos. Para superá-los é necessário construir um caminho baseado em resultados ou metas, organizado no tempo planejado, executado e monitorado. Sobretudo, não se deve parar nas boas intenções, mas transformá-las em obras.

Sugestões para elaboração de projetos

Criar um projeto supõe dois importantes momentos:
1º Elaboração: O grupo deve realizar um bom diagnóstico sobre o contexto e a situação problemática que pretende enfrentar e analisar o seu potencial para, em seguida, construir o seu caminho. É preciso que todas as pessoas envolvidas participem diretamente na fase de elaboração, buscando criar uma visão ampla do problema a ser enfrentado e soluções criativas para a sua viabilidade.

2º Redação: Este é um momento de exercício de síntese do processo anterior. Nele, é melhor contar com poucas pessoas do grupo. Tudo o que foi produzido anteriormente será agrupado em um roteiro que demonstre, de modo objetivo, o que será realizado.

Passos para elaborar um projeto
3. Definir qual grupo elabora o projeto. Determinado o grupo, se verificará com quantas pessoas será possível contar efetivamente para realizá-lo, ou seja, qual o poder real ou o “tamanho das pernas que o grupo tem”.
4. Montar duas listas paralelas. Uma deve listar os problemas que o grupo pretende superar e outra apontar soluções. É imprescindível que os problemas sejam concretos e observáveis. Eles devem ser formulados com clareza. Por exemplo, na lista dos problemas deve constar: “Poucas alternativas de cultura e lazer para jovens da Vila Nova Cachoeirinha”. Na lista das soluções: “Alternativas de cultura e lazer acessíveis para jovens da Vila Nova Cachoeirinha”.

5.Escolher o problema principal.  Dentre todos os listados, o grupo deve saber por onde começar, escolhendo o problema principal a partir de vários critérios. Um deles é o impacto negativo que o problema causa para a comunidade ou escola. Outro critério é a capacidade do grupo para resolver o problema. Neste caso, pode ser que o grupo resolva iniciar o projeto justamente por aquele cuja solução seja mais fácil e rápida.

6.Montar uma árvore com o problema escolhido, suas causas e conseqüências. As causas do problema estão no que o origina e o mantém, ou seja, estão em sua raiz. As conseqüências são os danos provocados. Perceber a diferença entre causas e efeitos ajuda o grupo a não gastar recursos financeiros e a não desperdiçar tempo apenas com as conseqüências.

7.Definir objetivos gerais e específicos. Os resultados previstos devem conter indicadores, fatores de risco e um plano de ação, como mostram as descrições seguir:

v  Os objetivos específicos
São eles que representam a finalidade do projeto em questão. São degraus para chegar ao topo da escada, ao objetivo geral. Eles indicam o caminho a ser percorrido.
v  Resultados ou metas
São tangíveis e correspondem aos produtos finais de um conjunto de atividades em um certo período. Quantificam as atividades que serão desenvolvidas, bem como sua intensidade. Qualificam o jeito que pelo qual o projeto será realizado, os valores que o grupo quer imprimir. Exemplo: dez atividades (quantificar as atividades) de manejo sustentável (qualificar o tipo de manejo).
v  Indicadores para o monitoramento dos resultados
São os sinais de que o grupo está perseguindo os resultados a que se propôs.
v  Fatores de risco
São obstáculos com os quais o grupo deverá conviver, sejam eles políticos (um grupo poderoso pode estar contra o projeto), culturais (mentalidade de desperdício de recursos, preconceitos etc.) que fogem ao controle do grupo, mas podem dificultar a realização do projeto. Desenhar ações para minimizar esses fatores de risco.
v  Plano de ação
Descreve o que precisa ser feito para se chegar aos resultados pretendidos. Envolve o conjunto de ações, com os respectivos prazos, as pessoas responsáveis e os recursos necessários.

8.Análise de viabilidade do projeto. Antes de colocar um projeto em prática, é preciso verificar se o grupo pode fazer o que propõe. Para isso é importante levar em consideração seis aspectos: a viabilidade econômica, social, política, técnica, ambiental, de gênero e étnico-cultural.

Viabilidade econômica

Considere o custo total do projeto. Verifique se a soma dos recursos de que dispõe mais o que poderá captar cobre os custos do projeto.

Viabilidade social
Analise os atores sociais envolvidos, indivíduos ou organizações que terão seus interesses afetados positiva ou negativamente pelo projeto.

Viabilidade política
Certifique-se de quais são as pessoas, os grupos e as instituições que apóiam o projeto. Se houver obstáculos políticos ou legais, preveja ações para superá-los.

Viabilidade técnica
Explicite as técnicas que serão utilizadas e considere se o grupo dispõe dessas tecnologias.

Viabilidade ambiental
Analise se o projeto agride o meio ambiente.

Viabilidade de gênero, étnica e cultural
Analise se há algum padrão cultural que pode dificultar a realização do projeto, seja ele na relação homem com mulher, relações étnico-raciais ou culturais.

9.Cronograma de trabalho. Planeje uma data de início e término do projeto. Defina os meses em que acontecerão as atividades preparatórias, de execução, atividades de monitoramento e de avaliação.

10.Orçamento detalhado das despesas. Calcule o custo da equipe de trabalho, a infra-estrutura e o material necessário. É sempre bom reservar recursos para gastos com despesas imprevistas.

 

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